Paulinho da Viola é em minha humilde opinião, o maior representante do
Samba no Brasil. Com elegância ímpar no compor e interpretar, ele é
possuidor de louvável sutileza em algumas letras de sua autoria, revelando
um retrato cotidiano do trabalhador brasileiro em suas Músicas.
paulinho da viola |
A que escolhi para esta postagem é um exemplo. A violência, a saúde,
drogas e alcoolismo, são elementos que fazem parte da vida de uma grande
parcela de nosso povo, na decadência das grandes cidades. O Samba
tem por título "Coisas do Mundo, Minha Nêga", em cuja letra ele narra a
volta do trabalhador para casa. Escrita de maneira simples, não é
uma crítica social, apenas a narração de fatos. Genial.
carlos miranda (betomelodia) ™
( vídeo em 360p )
Hoje eu vim minha nêga como venho quando posso
Na boca as mesmas palavras no peito o mesmo remorso
Nas mãos a mesma viola onde gravei o teu nome
Nas mãos a mesma viola onde gravei o teu nome
Venho do samba atento nêga vim parando por aí
Primeiro achei Zé Fuleiro que me falou de doença
Que a sorte nunca lhe chega que está sem amor e sem dinheiro
Perguntou se eu não dispunha de algum que pudesse dar
Puxei então da viola cantei um samba pra ele
Foi um samba sincopado que zombou de seu azar
Hoje eu vim minha nêga andar contigo no espaço
Tentar fazer em teus braços um samba puro de amor
Sem melodia ou palavra pra não perder o valor
Sem melodia ou palavra pra não perder o valor
Depois encontrei Seu Bento nêga que bebeu a noite inteira
Estirou-se na calçada sem ter vontade qualquer
Esqueceu do compromisso que assumiu com a mulher
Não chegar de madrugada e não beber mais cachaça
Ela fez até promessa pagou e se arrependeu
Cantei um samba pra ele que sorriu e adormeceu
Hoje eu vim minha nêga querendo aquele sorriso
Que tu entregas pro céu quando eu te aperto em meus braços
Guarda bem minha viola meu amor e meu cansaço
Guarda bem minha viola meu amor e meu cansaço
Por fim achei um corpo nêga iluminado ao redor
Disseram que foi bobagem um queria ser melhor
Não foi amor nem dinheiro a causa da discussão
Foi apenas um pandeiro que depois ficou no chão
Não tirei minha viola parei olhei vim embora
Ninguém compreenderia um samba naquela hora
Hoje eu vim minha nêga sem saber nada da vida
Querendo aprender contigo a forma de se viver
As coisas estão no mundo só que eu preciso aprender
As coisas estão no mundo só que eu preciso aprender
paulinho da viola
fontes
imagens e vídeo: arquivo pessoal - texto: carlos miranda (betomelodia)
base das pesquisas: arquivo pessoal / google