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terça-feira, 27 de agosto de 2013

Maria Gadú e Chitãozinho e Xororó: Rancho Fundo



A página de hoje traz uma composição do ano de 1931.
A música tinha como título "Na Grota Funda", tendo sido
composta para um musical intitulado "É do balacobaco".
Os seus autores foram Ary Barroso e J. Carlos.

Aconteceu que certa feita, Lamartine Babo foi assistir a peça
e ficou tão impressionado com a  música que, decidiu fazer
outros versos e dar-lhe novo título, Rancho Fundo, a qual
teve sua primeira gravação com a cantora Elisa Coelho,
acompanhada por um piano e dois violões. O resultado de tudo
o que acima escrevi, é que daí nasceu a parceria de
dois grandes compositores, Ary Barroso e Lamartine Babo.


maria gadú com chitãozinho e xororó

Rancho Fundo é um clássico da Música Popular Brasileira.
Desde criança eu a ouvia, nos rádios, nas rodas de seresteiros
e mais tarde, em muitas e muitas gravações por grandes
intérpretes. Sempre fez parte de meu repertório, com seus
versos de extrema beleza a nos contar uma história de Amor.

Os intérpretes no vídeo que ilustra esta página, dispensam
apresentações e o resultado quando reunidos estão,
acompanhados por uma orquestra é um deleite para os
nossos ouvidos. Assim, Maria Gadú, Chitãozinho e Xororó,
interpretam Rancho Fundo.

carlos miranda (betomelodia) 




No rancho fundo bem pra lá do fim do mundo
Onde a dor e a saudade contam coisas da cidade
No rancho fundo de olhar triste e profundo
Um moreno canta as magoas tendo os olhos rasos d'água

Pobre moreno que de noite no sereno
Espera a lua no terreiro tendo um cigarro por companheiro
Sem um aceno ele pega na viola e a lua por esmola
Vem pro quintal desse moreno

No rancho fundo bem pra lá do fim do mundo
Nunca mais houve alegria nem de noite nem de dia
Os arvoredos já não contam mais segredos
E a última palmeira já morreu na cordilheira

Os passarinhos internaram-se nos ninhos
De tão triste esta tristeza enche de trevas a natureza
Tudo porque só por causa do moreno
Que era grande hoje é pequeno pra uma casa de sapê

Se Deus soubesse da tristeza lá serra
Mandaria lá pra cima todo o amor que há na terra
Porque o moreno vive louco de saudade
Só por causa do veneno das mulheres da cidade

Ele que era o cantor da primavera e que fez do rancho fundo
O céu melhor que tem no mundo
Se uma flor desabrocha e o sol queima
A montanha vai gelando lembra o cheiro... da morena

ary barroso / lamartine babo



fontes
imagens e vídeo: arquivo pessoal - texto: carlos miranda (betomelodia)
base das pesquisas: arquivo pessoal / google

sábado, 24 de agosto de 2013

Roberta Sá e Pedro Luis: Girando na Renda



Na capital do Rio Grande do Norte, Natal, em dezembro
de 1980, nasceu Roberta Sá. Sua cultura musical vem desde
a infância, com seus pais apresentando-lhe as músicas da
época da Jovem Guarda, Beatles, regionais e a popular do Brasil.

Com o segundo casamento de sua mãe, Roberta aos nove anos
mudou-se para o Rio de Janeiro e em um intercâmbio, foi
para a cidade de Missouri nos Estados Unidos, onde estudou
canto. Quando voltou para o Rio de Janeiro, continuou
com as aulas de canto, para nossa sorte. 

Realizou um show de abertura em 2001, no planetário da Gávea,
mas o impulso para profissionalização deu-se no ano
seguinte, quando sua professora de canto instruiu-a  a fazer
sua inscrição no programa Fama que buscava novos talentos.
Como os participantes eram moldados em um estilo que
não a agradava, americanizado, Roberta, em minha opinião
pois assisti o programa, deixou-se ser eliminada na
quarta semana. Ela, já naquela época, tinha talento de sobra
para continuar participando, tinha sim.

Mas, segundo ela, o grande legado da experiência foi a
chance de conhecer o irmão da cantora Fernanda Abreu,
o Felipe, que a incentivou a fazer uma apresentação no palco
do Mistura Fina. Foi, eu creio, o ponto de partida para sua
carreira profissional.

Hoje, ela mantém-se firme no cenário da autêntica
Música Popular Brasileira, com sua voz e carisma no palco,
encantando a todos em seus shows. Nesta postagem,
ela interpreta "Girando na Renda", provando que é
detentora de uma inclinação natural  para o sucesso.
Com a participação de Pedro Luis e seu cavaquinho, um
dos autores da música, em um duo, é só conferir no vídeo.

carlos miranda (betomelodia) 


( vídeo em 360p )


É no samba de roda eu vou
No babado da saia eu vejo
A morena girando a renda
É prenda pro seu orixá

Todo fim de semana tem
Gente dos quatro cantos vem
Diz na palma e no verso histórias
De tempos imemoriais

Roda que eu quero ver que é bonito
Canta que eu quero ouvir
Bate o tambor na força do rito
Tudo pra se divertir

Reza quem é de rezar
Brinca aquele que é de brincadeira
Quem é de paz pode se aproximar
Hoje é festa pr'uma noite inteira

pedro luis / sérgio paes / fi 



fontes
imagem e vídeo: arquivo pessoal - texto: carlos miranda (betomelodia)
base das pesquisas: arquivo pessoal / google

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Zélia Duncan, Benditas



" Quando parei pra pensar de onde eu vim,
me veio à cabeça aquele livrinho que atormenta
um pouco nossa pré-adolescência, aquele com uma cegonha
desenhada, ela tem um ar orgulhoso e carrega no bico
uma trouxa gordinha. Logo abaixo se lê aquela pergunta fatal,
em letras garrafais: DE ONDE VÊM OS BEBÊS?
Acho que a cegonha que me trouxe, certamente reclamava
do excesso de peso, pois éramos eu, um CD player e um violão. "


zélia duncan


Zélia dispensa apresentações. Uma Artista completa.
Suas composições, interpretações e o enorme
carisma no palco, falam por si. Considerada como
uma das melhores no universo da Música Brasileira, a página
de hoje destaca uma de suas belas letras que, entregue à Mart'nália,
filha de Martinho da Vila, foi musicada de forma magistral.
No vídeo a seguir, Zélia canta Benditas.

carlos miranda (betomelodia) 




Benditas coisas que eu não sei
Os lugares onde não fui
Os gostos que não provei
Meus verdes ainda não maduros
Os espaços que ainda procuro
Os amores que eu nunca encontrei
Benditas coisas que não sejam benditas

A vida é curta
Mas enquanto dura
Posso durante um minuto ou mais
Te beijar pra sempre o amor não mente
Não mente jamais

E desconhece do relógio o velho futuro
O tempo escorre num piscar de olhos
E dura muito além dos nossos sonhos mais puros
Bom é não saber o quanto a vida dura
Ou se estarei aqui na primavera futura
Posso brincar de eternidade agora
Sem culpa nenhuma

mart'nália / zélia duncan



fontes
imagens e vídeo: arquivo pessoal - texto: carlos miranda (betomelodia)
base das pesquisas: arquivo pessoal / google

terça-feira, 20 de agosto de 2013

Raul Seixas, Metamorfose Ambulante



" Eu já entrei vinte vezes no escritório do psicanalista.
Depois paguei ao médico e depois fui ao dentista,
para ver o que eu tenho e não consigo dizer.
Perguntei a toda gente que passava na rua,
ao patrão, à minha sogra, à São Jorge na lua.
Mas nenhuma dessa gente conseguiu me responder.
Por causa disso eu fui pra casa e fiquei pensando,
se era eu que estava errado com as minhas maluquices,
ou se era o mundo todo que estava me enganando. 
Arrumei as malas, deixei as perguntas na gaveta e
procurei saber o horário do próximo cometa. Me agarrei em
sua cauda e fui morar noutro planeta."
raul seixas


A postagem de hoje foi-me pedida por um grande e querido amigo,
Césinha, percussionista e baterista que, por um acaso do destino 
reconheceu-me ao ver uma de minhas edições de vídeo, com
minha cara de muitos e muitos "outroras" lá na Argentina.
Um grande parceiro, companheiro mesmo que surpreendia-me
com seu talento à cada nossa apresentação.

César afirmou que esta composição do Rauzito não podia faltar no blog:
Metamorfose Ambulante, composta por Raul quando tinha doze anos, e que é
um clássico da obra de Raul Seixas. Então, está aí e à ti eu dedico,
grande amigo, brindando aos tempos que hoje guardamos na memória.

carlos miranda (betomelodia) 


( vídeo em 360p )


Prefiro ser
Essa metamorfose ambulante
Eu prefiro ser
Essa metamorfose ambulante
Do que ter aquela velha opinião
Formada sobre tudo
Do que ter aquela velha opinião
Formada sobre tudo

Eu quero dizer
Agora o oposto
Do que eu disse antes
Eu prefiro ser
Essa metamorfose ambulante
Do que ter aquela velha opinião
Formada sobre tudo
Do que ter aquela velha opinião
Formada sobre tudo

Sobre o que é o amor
Sobre o que eu
Nem sei quem sou
Se hoje eu sou estrela
Amanhã já se apagou
Se hoje eu te odeio
Amanhã lhe tenho amor
Lhe tenho amor lhe tenho horror
Lhe faço amor eu sou um ator

É chato chegar
A um objetivo num instante
Eu quero viver
Nessa metamorfose ambulante
Do que ter aquela velha opinião
Formada sobre tudo
Do que ter aquela velha opinião
Formada sobre tudo

Sobre o que é o amor
Sobre o que eu
Nem sei quem sou
Se hoje eu sou estrela
Amanhã já se apagou
Se hoje eu te odeio
Amanhã lhe tenho amor
Lhe tenho amor lhe tenho horror
Lhe faço amor eu sou um ator

Eu vou desdizer
Aquilo tudo que eu
Lhe disse antes
Eu prefiro ser
Essa metamorfose ambulante
Do que ter aquela velha opinião
Formada sobre tudo
Do que ter aquela velha opinião
Formada sobre tudo
Do que ter aquela velha opinião
Formada sobre tudo

Do que ter aquela velha velha
Velha velha velha
Opinião formada sobre tudo

raul seixas




fontes
imagem e vídeo: arquivo pessoal - texto: carlos miranda (betomelodia)
base das pesquisas: arquivo pessoal / google

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Gabi da Pele Preta, Vem Quente Que Estou Fervendo

projeto crivo


Se enganou, sim!
Você que acreditava que a nossa tão popular Música Brasileira tinha perdido
o rumo, caminhando na contra mão da evolução musical, errou.
Nosso Universo Musical ainda tem salvação.


Desde criança, Gabriella amava a música. Participando do grupo de louvor
da igreja da qual era integrante, firmou-se profissionalmente aos
vinte anos, no teatro. E foi atuando no teatro que surgiu o extinto grupo
Samba de Tamanca. O caminho foi revelado.

Investindo em uma carreira solo, na formação de várias bandas sentiu-se
fascinada com a sonoridade da música brasileira e também pela
internacional, tendo sido atraída pelas composições da década de
setenta. Participando de eventos e de vários projetos, a fama veio rápida.
Gabi da Pele Preta, um nome que citado nas mesas de bares, restaurantes
e muitos eventos, anima as noites de Caruaru, lá em Pernambuco, nome
que tenho certeza virá a fazer parte dos grandes ícones da nossa
Música Popular Brasileira. Talento para isso não falta.



gabi da pele preta com os integrantes do projeto crivo


Mesmo com a ganância das gravadoras por apenas lucro,
não importando a elas se os produtos, sim, apenas produtos que
teimosamente insistem em divulgar nas mídias, rotulando
como música as barbaridades que ouvimos definidas como
"lançamentos de sucessos" de tais "cantores"ou tais "grupos",
ainda temos pessoas que respeitam uma palavra: Música.

Compositores, Intérpretes e Músicos com muito preparo e amor
para belas composições, que preocupam-se com a verdadeira identidade
de nosso cenário musical, são poucos ainda. Cito como exemplo, uma
intérprete e um grupo que a acompanha em suas apresentações,
Gabriella Freitas, que utiliza como identidade na música, um charmoso
nome artístico: Gabi da Pele Preta.

Essa jovem turma resolveu que a eles competia a "missão de garimpar, peneirar,
selecionar as joias da música brasileira que vem passando por um longo
período de estiagem criativa e qualitativa", segundo suas palavras.
Como resultado, partiram para um projeto denominado Crivo, executando
releituras baseadas na autêntica Música  Popular Brazileira e no Jazz,  com
toques de Bossa Nova, viajando por autores consagrados, pouco divulgados
ou anônimos, trazendo para nós, amantes da boa música, jóias, raras e
imortais canções. Obrigado, obrigado por existirem.

Faço questão de mencionar nesta postagem o nome dos Instrumentistas que
participaram deste vídeo e que são: André Gomes no teclado, Junior Xanfer
na guitarra, Jenerson Marcos na bateria, Fernando Bezerra nos violões e efeitos,
Tony Venâncio no baixo acústico e trombone. O vídeo e as fotografias, são
de autoria de Paulinho Barros. Parabéns à todos.

carlos miranda (betomelodia) 


( vídeo em 360p )


Se você quer brigar
E acha que com isso
Estou sofrendo
Se enganou meu bem
Pode vir quente
Que eu estou fervendo

Pode tirar
Seu time de campo
Pois meu coração
É do tamanho de um trem
Iguais a você
Eu já peguei mais de cem
Pode vir quente
Que eu estou fervendo


carlos imperial / eduardo araújo



fontes
imagens e vídeo: arquivo pessoal - texto: carlos miranda (betomelodia)
base das pesquisas: arquivo pessoal / google