bicas, bela cidade da zona da mata mineira
Minas Gerais. Zona da Mata.
Divisa dos municípios de Bicas e Guarará,
onde está o Sítio do Pica Pau Amarelo.
Natureza exuberante em cinco alqueires mineiros:
ar e água puros, frutas em vários pomares,
verduras e legumes de uma imensa horta, peixes
em um lago formado por várias nascentes,
uma pequena granja fornecendo frangos e ovos.
Queijo fresco e até café, que plantado, colhido, torrado
e lá mesmo moído, deixaram em sua memória
sabores inesquecíveis. Um bem cuidado gramado
impressionava quem pela estrada passava.
A lida diária. Acordar ainda madrugada e fazer a inspeção
das cercas antes do alvorecer. Saudar o novo dia.
com uma prece de agradecimento pela vida
Alimentar os cães (eram cinco pastores alemães),
frangos, peixes e os demais habitantes do lago,
os patos, gansos e cisnes, além dos perus que
tinham o enervante hábito de correr atrás
dele para bicá-lo. Irritantes, mas belos.
Ligar os sistemas de irrigação da horta e dos
pomares e pronto! Lá se foi a manhã.
Almoçar e após a merecida sesta, manter os
aceiros limpos, fazer as necessárias manutenções
melhorias, etc., até o final da tarde. Mãos calejadas,
corpo suado, a certeza de ser parte de algo maravilhoso.
O mistério. Houve uma época em que nem tudo corria bem.
Havia um problema lá na horta que ele não conseguia
resolver. As águas do lago iam até as
proximidades da cerca que as separavam da horta,
onde as verduras que ali brotavam,
saciadas pela abundância do precioso líquido eram
imensas, apetitosas, causavam satisfação ao olhar. Mas,
estavam sendo arrancadas e comidas por
algum visitante noturno. Como, se altas e intactas
cercas protegiam toda a horta? Sem buracos ou tocas,
por onde entravam os famintos predadores?
Reforços nas telas, inspeção durante a noite, nada dava
indícios do vilão ou vilões. E na manhã seguinte,
canteiros revirados e verduras comidas, sem rastros,
sem qualquer pista dos intrusos.
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o lago e seus habitantes |
A vigília. Resolveu ficar de tocaia.
Uma noite sem dormir para resolver o mistério. Rifle e
binóculos em punho, ficou posicionado com uma boa visão
dos canteiros que eram alvo dos visitantes. Dormiu e até sonhou...
que vigília. Acordou com os cães lambendo seu rosto.
Certa manhã, após o café foi até o lugar onde os canteiros
continuavam sendo destruídos e resignado com a
situação insolúvel, começou os reparos nos mesmos.
"... Qüé! ..."
Ouviu um pato! E bem ao seu lado, comendo com
voracidade as folhas das verduras, descaradamente!
Tirou o chapéu, coçou a cabeça e tomou uma decisão.
Foi rápido para casa, pensando: Aquele pato escapou
do corte das asas que fiz outro dia, são todos iguais, uai,
mas vou dar um jeito nele pelos estragos que fez.
Entrou rápido em casa, pegou o trinta e oito e gritou
para a mulher: ..."Prepara a panela que
hoje vamos almoçar pato!."
Desceu rápido para a horta.
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o três oitão |
O final. Chegou sorrateiro e foi ao encontro do pato.
O comilão nem se perturbou com sua presença,
continuando a arrancar e comer as verduras. Mas que
descarado! Apontou e ..."Bam!"... O pato ..."Qüé!"...
Errou ! De novo ..."Bam!"... E o pato ..."Qüé! Qüé!"...
E assim foram os seis tiros. Errou todos e o danado
do pato a menos de um metro dele, nem se mexeu.
Colocou a arma na cintura, abaixou,
pegou o pato com calma, levou-o para casa onde cortou
as penas das duas, das duas asas por garantia.
Em seguida, sob o olhar intrigado da mulher, pegou
o pato e foi para o lago. Lá chegando fez alguns
carinhos na cabeça do pato e com cuidado colocou-o
na água. Final feliz. Resolveu o mistério,
errou todos os tiros, virou piada no lugar,
o pato não mais saiu do lago, e
todos viveram felizes para sempre...
carlos miranda (betomelodia) ™
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o pato regenerado |
fontes
imagens: arquivo pessoal - texto: carlos miranda (betomelodia)
base das pesquisas: arquivo pessoal / meus escritos