De joelhos.
Cabeça inclinada, face voltada para o céu,
ele parecia implorar. Braços estendidos em
total abandono, asas feridas. Só em seu pensar,
sua mente confusa e desesperada ante tantos
fracassos lhe davam a certeza de que falhara. Sua
memória composta de flashes, acertos e erros,
apenas mais dor lhe trazia. Um banido,
incompreendido ser que apenas a paz buscava.
Entre gemidos, já suas tênues forças se exauriam.
Inerte em seus valores já não mais sentia a
venda colocada sobre seus olhos, já não mais
vislumbrava o caminho a ser seguido.
Desistia lentamente.
O fim, aguardava em sua imobilidade.
O fim, aguardava em sua imobilidade.
Há milênios, em um tempo tão longínquo quanto a
felicidade tão desejada o era, belo e altivo ele
foi. Um anjo sonhador, mas escarnecido por todos
os que o cercavam, por ter a mente repleta de planos,
desejos de paz e compreensão da vida.
Otimista, sempre semeara Amor e afetos, mas só
desafetos e desamor colhera. Insistia,
encarando a tudo e a todos com a certeza que
em um dia não muito distante ele seria
entendido, amado. Sonhares infrutíferos aos
poucos fizeram suas esperanças desvanecerem.
Aos poucos sua altivez, sua vida sucumbia.
Em um resignado marasmo, fechara suas asas
e aguardava, ainda com tênue esperança
uma resposta aos seus apelos. Ainda havia
um resquício de Fé em sua espera.
Quedara imóvel. O Amor o banira.
A espera foi longa.
Apenas sentia o passar do tempo.
Era eterno. Covarde se sentia. Mas em certo
momento, que mal notara, algo aconteceu. Um
toque em seu rosto, com suavidade começara a remover
sua venda. Aos poucos, luz penetrou seus
tristes olhos verdes. Permaneceu imóvel como
a aguardar o fim. Mas, mãos suaves e pequeninas
lentamente começaram a lhe erguer com um misto
de firmeza e carinho. Ele sentiu o Amor. Amor que
jamais pensara haver. Sua voz, um cantar suave.
Palavras cálidas como bálsamo, cicatrizavam as
feridas impostas há tempos por dor intensa. Mas
profundas que eram, deixariam para sempre marcas.
Suas asas, outrora belas e imaculadas que
tão longe o levaram, naquele momento inúteis e
esquecidas, foram limpas renascendo em sua beleza,
mas ao se abrirem e revelarem um novo ser dotado
de fortes e belas asas. Uma branca, outra negra. Renasceu.
Forte mas frágil pelo passado ora lembrado.
Protegido, com amor incentivado em suas tentativas
de voo alçar. A vontade de voltar a lutar por
seus sonhos voltara. E voava, ainda inseguro.
Amou. E esse Amor, que ele sabia puro e
imenso, despertou afinal a esquecida ânsia
de viver, pois ao seu lado, um maravilhoso anjo,
um ser que em forma de mulher nada lhe pedia.
Apenas... Amor lhe oferecia.
Hoje, depois de tanto abandono e dor, ele
já não mais apenas alça seus voos. Sente que não mais
sozinho está. E do passado, se foram as
mágoas e as dores, pois busca em sua essência
divina apenas o perdão e a eternidade do Amor
que o fez ressurgir em seu esplendor.
Sua busca terminara. A vida o aguardava.
Livre, em paz com o futuro e suas asas.
fontes
imagem: google - texto: carlos miranda (betomelodia)
base das pesquisas: arquivo pessoal / meus escritos
felicidade tão desejada o era, belo e altivo ele
foi. Um anjo sonhador, mas escarnecido por todos
os que o cercavam, por ter a mente repleta de planos,
desejos de paz e compreensão da vida.
Otimista, sempre semeara Amor e afetos, mas só
desafetos e desamor colhera. Insistia,
encarando a tudo e a todos com a certeza que
em um dia não muito distante ele seria
entendido, amado. Sonhares infrutíferos aos
poucos fizeram suas esperanças desvanecerem.
Aos poucos sua altivez, sua vida sucumbia.
Em um resignado marasmo, fechara suas asas
e aguardava, ainda com tênue esperança
uma resposta aos seus apelos. Ainda havia
um resquício de Fé em sua espera.
Quedara imóvel. O Amor o banira.
A espera foi longa.
Apenas sentia o passar do tempo.
Era eterno. Covarde se sentia. Mas em certo
momento, que mal notara, algo aconteceu. Um
toque em seu rosto, com suavidade começara a remover
sua venda. Aos poucos, luz penetrou seus
tristes olhos verdes. Permaneceu imóvel como
a aguardar o fim. Mas, mãos suaves e pequeninas
lentamente começaram a lhe erguer com um misto
de firmeza e carinho. Ele sentiu o Amor. Amor que
jamais pensara haver. Sua voz, um cantar suave.
Palavras cálidas como bálsamo, cicatrizavam as
feridas impostas há tempos por dor intensa. Mas
profundas que eram, deixariam para sempre marcas.
Suas asas, outrora belas e imaculadas que
tão longe o levaram, naquele momento inúteis e
esquecidas, foram limpas renascendo em sua beleza,
mas ao se abrirem e revelarem um novo ser dotado
de fortes e belas asas. Uma branca, outra negra. Renasceu.
Forte mas frágil pelo passado ora lembrado.
Protegido, com amor incentivado em suas tentativas
de voo alçar. A vontade de voltar a lutar por
seus sonhos voltara. E voava, ainda inseguro.
Amou. E esse Amor, que ele sabia puro e
imenso, despertou afinal a esquecida ânsia
de viver, pois ao seu lado, um maravilhoso anjo,
um ser que em forma de mulher nada lhe pedia.
Apenas... Amor lhe oferecia.
Hoje, depois de tanto abandono e dor, ele
já não mais apenas alça seus voos. Sente que não mais
sozinho está. E do passado, se foram as
mágoas e as dores, pois busca em sua essência
divina apenas o perdão e a eternidade do Amor
que o fez ressurgir em seu esplendor.
Sua busca terminara. A vida o aguardava.
Livre, em paz com o futuro e suas asas.
carlos miranda (betomelodia) ™
fontes
imagem: google - texto: carlos miranda (betomelodia)
base das pesquisas: arquivo pessoal / meus escritos
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