Bem. Ideias, muitas. Coordenadas? Não.
Comigo é assim mesmo. Fazer duas ou mais coisas
ao mesmo tempo? Quem dera fosse possível...
Mudamos para o litoral norte do Rio Grande do Sul.
Uma pequena cidade, quase ao nível do mar, praias de fina
areia, águas mornas, bem, nem sempre mornas, muito
sossego por nove meses pois nos outros três,
veranistas a invadem e junto, vem a loucura, a agitação.
Hoje, 19 de abril, quase feriadão de Páscoa,
sem tempo para a postagem sobre Arte Brasileira
pois, meu dia foi muito agitado e já são 23 horas. Foram
muitos os afazeres em que as 24 horas são poucas
e rápido passam. Fiquei a pensar como cumprir os
compromissos que assumi: artesanato e postagens.
Depois de um café, um cigarro e vendo o show de uma
lua desfilando por entre as aroeiras em meu quintal,
ao som de uma incrível orquestra de grilos, pensei em
publicar aqui os ensaios sobre minhas memórias.
Boas e más recordações originalmente publicadas em um
antigo blog, Memórias. Então, resolvido: a partir de hoje,
vocês vão saber um pouco mais sobre mim.
Aí vai a primeira.
carlos miranda (betomelodia) ™
Um ato banal.Gostoso. Um bom sorvete. Aos poucos mordido bem devagar, lambido ou de ambasas maneiras ser saboreado em uma quente noite.Deixou de ser banal em se tratando de minha pessoa,ainda mais na companhia de minha mulher.Sempre buscamos novas emoções e aventuraem tudo que fazemos e por vezes,elas é que nos procuram.
Noite. Meio da semana e nada para fazer.Roupas confortáveis, vestidos para o que derou para o que vier. Nada veio. Ou melhor,veio uma rápida mudança. Do tempo. Vento.Vento frio. Mas não mudou nossa vontadede tomar um sorvete. Resolvido!E lá fomos nós tomar um sorvete.Uma sorveteria bem na esquina de nossoapartamento, era sempre uma tentação. Mesmoem um dia de vento forte e frio. Pedido feito,pago e bancos para nos deliciarmos nacalçada em frente. Lá fomos nós.
Um enorme sorvete, transbordando dacasquinha. Ou melhor, cascona.Ao sairmos do pequeno espaço então lotadoda sorveteria, o vento frio havia aumentadode intensidade e para proteger nossos sorvetesque teimavam em derreter, escorrendo pelascasquinhas, digo, casconas, demos as costas aovento. De frente para os passantes.
Sorvete derretendo mais rápido do queconseguíamos consumir. Risos nervosos emuitos pingos na calçada. Olhares muitos,misto de risos e censura. Dois adultos que nãosabiam tomar um sorvete! Acho que riam denossa agonia. Riam de nossas tentativaspara evitar que os rios de sorvete que já lambuzavamnossas mãos, inundassem mais ainda acalçada.
O vento aumentou. O frio também. Os pingosteimavam em ir em direção aos nossos pés, roupase aos bancos em que estávamos. Ao levarmosas casquinhas à boca, ou melhor, casconas,agora irreconhecíveis de tanto sorvete que por elasescorriam, nossos cotovelos se transformaramem conta-gotas. Ridiculamente hilária nossasituação, que arrancava risos dos que por nóspassavam.
Fomos até o fim. Lambuzados como crianças.Rindo. Felizes. À sós em nosso lambuzado mundo,alheios à tudo. Abraços e beijos melados que,tenho certeza, causavam inveja aos que por nóspassavam. Então, mãos dadas, banhados de sorvete,encerramos a noite de aventura e nos dirigimosao nosso apartamento. Banho a dois. Felizes.carlos miranda (betomelodia) ™
fontes
imagem: arquivo pessoal - textos: carlos miranda (betomelodia)
base das pesquisas: arquivo pessoal / meus escritos