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domingo, 21 de setembro de 2008

Gal Costa, Tom Jobim e Elis Regina: Aquarela do Brasil e Na Batucada da Vida



Compositor, ícone da era do rádio e maior nome
do samba-exaltação, Ary Barroso nasceu em Ubá,
Minas Gerais em novembro de 1903, falecendo no
Rio de Janeiro em fevereiro de 1964.
Órfão aos 7 anos , foi criado pelas tias-avós,
que queriam fazê-lo pianista de concerto ou padre.

Aos 18 anos foi para o Rio de Janeiro estudar Direito,
levando nove anos para se formar e nunca
exercer a profissão. No Rio, tocou piano em cinemas
e cabarés para se sustentar, quando então passou a se
interessar pelo teatro musical, na época em ascensão.
Entrou no rádio em 1933, pela Rádio Philips,
comandando programas de sucesso no rádio e mais
tarde na TV, como Calouros em Desfile e Encontro com Ary.
Ainda na década de 30, iniciou carreira como locutor
esportivo, profissão que nunca mais foi a mesma depois dele.
Conferiu um tom emocional à transmissão e não
disfarçava a torcida por seu time, o Flamengo.



ary barroso

Conhecido por ser durão e intransigente com
quem revelasse gosto ou opinião musical diferente da
sua, seus programas de calouros revelaram nomes que
fariam história na música brasileira, tais como Dolores Duran,
Elza Soares e Elizeth Cardoso. Era temido pelos calouros
tanto no rádio quanto na TV, exigindo que só se cantasse
músicas nacionais, o que acho correto.

Considerado pioneiro e maior divulgador incondicional
da Música Popular Brasileira por esse mundão à fora,
foi nosso primeiro compositor a ser ouvido e respeitado
fora do Brasil. Como curiosidade, você sabia que pelo enorme
sucesso que sempre fez no exterior, esta sua composição
chegou a ser cotada para ser nosso hino nacional?

A música? Aquarela do Brasil que nesta página está muito
bem interpretada por ninguém menos que Gal Costa,
acompanhada pela orquestra regida pelo grande mestre
Wagner Tiso. Um verdadeiro Hino ao Brasil.


carlos miranda (betomelodia) 




Brasil meu Brasil brasileiro
Meu mulato inzoneiro
Vou cantar-te nos meus versos
O Brasil samba que dá
Bamboleio que faz gingar
O Brasil do meu amor
Terra de nosso senhor
Brasil pra mim Brasil pra mim

Ah! abre a cortina do passado
Tira a mãe preta do serrado
Bota o rei congo no congado
Brasil pra mim Brasil pra mim

Deixa cantar de novo o trovador
América olha a luz da lua
Quando é canção do meu amor
Quero ver essa dona caminhando
Pelos salões arrastando
O seu vestido rendado
Brasil pra mim Brasil pra mim

Brasil terra boa e gostosa
da morena sestrosa
e de olhares indiscretos
O Brasil samba que dá
Bamboleio que faz gingar
O Brasil do meu amor
Terra de nosso senhor
Brasil pra mim Brasil pra mim

Ah! esse coqueiro que dá coco
Onde eu amarro a minha rede
Nas noites claras de luar
Brasil pra mim Brasil pra mim

Ah! ouve essas fontes murmurantes
Aonde eu mato a minha sede
E onde a lua vem brincar
Ah! esse Brasil lindo e trigueiro
É o meu Brasil brasileiro
Terra de samba e de pandeiro
Brasil pra mim Brasil pra mim


ary barroso




Depois de quase dois anos de apresentações
pela Argentina, ao voltar para o Brasil, fiz parte do
número de abertura do show "Oba! Oba!", dedicado
aos turistas estrangeiros que nos visitavam,
no Hotel Rafain Center, na avenida das Cataratas
em Foz do Iguaçu, cantando essa música, rodeado por
lindas mulatas seminuas... uma loucura.

Mas tem uma outra que gostaria de lhes mostrar, que
Integrando meu repertório, ocupa um lugar especial
por descrever poeticamente uma realidade nua e crua,
com letra e música de Ary Barroso e que é intitulada
Na Batucada da Vida.

No vídeo, dois ícones da Música Popular Brasileira,
Tom Jobim e Elis Regina, a interpretam.







No dia em que eu apareci no mundo
Juntou uma porção de vagabundo da orgia
De noite teve samba e batucada
Que acabou de madrugada em grossa pancadaria

Depois do meu batismo de fumaça
Mamei um litro e meio de cachaça bem mamado
E fui adormecer como um despacho
Deitadinha no capacho na porta dos enjeitados

Cresci levando a vida sem malícia
Quando um cabo de polícia despertou meu coração
E como eu fui pra ele muito boa
Me soltou na rua à toa desprezada como um cão

E hoje que eu sou mesmo da virada
Que topo qualquer parada
Que por Deus fui esquecida
Irei cada vez mais me esmolambado
Seguirei sempre cantando
Na batucada da vida


ary barroso / luiz peixoto




fontes
imagens e vídeo: arquivo pessoal - texto: carlos miranda (betomelodia)
base das pesquisas: arquivo poessoal / google

sábado, 20 de setembro de 2008

Roberto Magalhães e Suas Obras



" Na Europa entendi a minha profunda ligação com o Brasil.
O meu lugar era aqui mesmo, nasci aqui, vivi aqui,
gosto daqui e podia aqui fazer a minha arte. "
roberto magalhães


Nesta postagem dedicada às Artes Plásticas, tenho o prazer
de publicar os trabalhos de Roberto Magalhães, autodidata,
com um breve estágio na Escola Nacional de Belas Artes.
Carioca, nascido na Ilha do Governador, na Praia da Ribeira
em 29 de março de 1940, cresceu junto ao mar da
Baía de Guanabara. Iniciou a divulgação de suas obras em 
xilogravuras por volta de 1962, sendo notado por apurada
técnica e originalidade.


roberto magalhães

" As máscaras rituais, as figuras totêmicas das tribos
primitivas são expressões da insegurança do homem em
face de um universo  que ele não domina.
A insegurança é de cada um mas, assimilada à mitologia
e às práticas mágicas da comunidade, ela se objetiva como
expressão cultural que não leva ninguém ao hospício,
instituição, aliás, inexistente, por desnecessária,
em tal tipo de comunidade. "
ferreira gullar 


No início da década de 60, entra no cenário artístico
brasileiro, Roberto Magalhães que, abandonando
os estudos dedicou-se às Artes.

Com precisão e profissionalismo, desenhava manualmente
anúncios, panfletos, logomarcas, rótulos, capas de
discos e de livros. Também em seu tempo livre, fazia
desenhos surrealistas que, após avaliação foram expostos
na Galeria Macunaíma. O primeiro contato com o público.

Em sua longa e variada trajetória, Roberto destaca-se como
referência no circuito das Artes Plásticas no Brasil e 
também no internacional.

carlos miranda (betomelodia) 



máscara - 1997

sem título - 1996

botânica colorida - 2008

cão de caça - 1986

auto retrato - 1959

mulher com cão feroz - 1980

pintor no incêndio - 1984

poeta - 2004

carregador de bananas - 1984



destaco: sem título - 1964


fontes
imagens: arquivo pessoal - texto: carlos miranda (betomelodia)
base das pesquisas: arquivo pessoal / google

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Dolores Duran, A Noite do Meu Bem

betomelodia.blogspot.com


Dolores Duran. Ou melhor, Adiléia da Silva Rocha,
nasceu na cidade de Rio de Janeiro em
07 de junho de 1930. Foi com certeza uma das
maiores representantes do samba-canção brasileiro.

Começou a cantar muito cedo, recebendo seu
primeiro prêmio aos seis anos de idade. Aos
quinze anos seu pai morreu e a menina Adiléia,
teve que sustentar sua família, cantando, que é o
que ela melhor sabia fazer.

Autodidata, dominava o inglês, francês, italiano
e espanhol, a ponto de Ella Fitzgerald
lhe dizer que foi em sua voz a mais bela, a
melhor interpretação que ela já havia ouvido de
My Funny Valentine, um clássico norte-americano.


dolores duran

Foi em 1957 que Tom Jobim aos 27 anos, então um
estreante na Música, mostra-lhe uma composição em
parceria com Vinícius de Moraes. Ao ouvir a melodia,
Dolores pega um lápis e escreve Por Causa de Você.
Manda um bilhete a Vinícius pedindo-lhe para
concordar com a nova letra. Vinícius aceita.

A partir daí, nos seus últimos dois anos de vida,
compõe algumas das mais lindas, tristes
e ternas músicas como Estrada do Sol,
Olha o Tempo Passando, Castigo e
A Noite do Meu Bem, que abaixo em um vídeo
mostramos, com som original e Nanda Costa,
atriz, interpretando Dolores Duran.

Notem a beleza da voz de Dolores e a perfeita
interpretação de Nanda, com algumas lágrimas
ao cantar, o que foi captado pelo close
da câmera de um modo magistral.

Em 1959, dia 23 de outubro, aos 29 anos,
chega em casa às 7:00 da manhã, e diz à sua
secretária: "Não me acorde. Estou cansada.
Vou dormir até morrer". E então, partiu.

carlos miranda (betomelodia) 





Hoje eu quero a rosa mais linda que houver
quero a primeira estrela que vier
para enfeitar a noite do meu bem

Hoje eu quero paz de criança dormindo
quero o abandono de flores se abrindo
para enfeitar a noite do meu bem

Quero a alegria de um barco voltando
quero ternura de mãos se encontrando
para enfeitar a noite do meu bem

Hoje eu quero o amor, o amor mais profundo
eu quero toda beleza do mundo
para enfeitar a noite do meu bem

Mas como esse bem demorou a chegar
eu já nem sei se terei no olhar
toda ternura que eu quero lhe dar


dolores duran / tom jobim



fontes
imagens e vídeeo: arquivo pessoal - texto: carlos miranda (betomelodia)
base das pesquisas: arquivo pessoal / google

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Richard Wright, Breakthrough



Richard William Wright, para os amigos Rick, nasceu em Londres,
Inglaterra, em Julho de 1943, cidade onde morreu em setembro
de 2008. Foi um dos principais músico da banda Pink Floyd.

O único nascido em Londres entre os integrantes, Richard
foi o terceiro compositor e vocalista do grupo, tal como
George Harrison nos Beatles, John Entwistle no The Who e
John Paul Jones no Led Zeppelin. Como compositor, Wright
contribuía com duas ou três músicas por álbum, ou colaborava
na estruturação de obras coletivas como "Echoes" ou "Time".

Dark Side of the Moon, de 1973, representa seu ápice na banda
Pink Floyd, com os teclados equiparando-se à guitarra de
David Gilmour e participou na composição de cinco
das dez músicas. Em "Wish You Were Here", onde seus teclados
estão onipresentes, Wright trouxe grandes contribuições para o álbum,
sobretudo na suíte "Shine On You Crazy Diamond".

Um grande amigo, falava muito sobre o Brasil e admirava muito
a diversidade de ritmos em nossa cultura musical. A tradução
do título em português da composição que ilustra esta música,
minha homenagem a ele, "avanço" ou uma "importante
descoberta", cabe-lhe. Sua morte, mais um avanço em sua
evolução que, com certeza vai levá-lo a importantes descobertas
"lá em cima", mas que, infelizmente, acabou com as possíveis
esperanças de o grupo Pink Floyd retornar, continuando a
encantar seus admiradores. Paz, meu amigo.

carlos miranda (betomelodia) 






I can take or leave it, won't be the woebegone,
Don't need a model universe to hang your pictures on.
You hide somewhere, you die somewhere
And then this senseless thought,
By hating more you're feeling more
And that's how you get caught.

They're never going to make it easy
Of this you can be sure.
I greet you from your wilderness,
I'll stay inside your door.

There is no cage or prison, they have no fence too tall,
You die more times than anyone, there's still no place to fall.

They're never going to keep it simple
This comes down from above.
I have no helm, no secret realm,
I dream to be at the heart of love, a part of love.

I bet you can conceal it, but that's just a dead-end track,
I'll cover you like the driven snow and then I'll bring you back.
You'll see! you feel like, you feel like a banner,
Unfurled and gently blown,
And there before your opening eyes
The self you've never known.

They're never going to make it easy
Of this you can be sure
You feel untied, beatified
And loved for evermore.

richard wright








fontes
imagens e vídeo: arquivo pessoal - texto: carlos miranda (betomelodia)
base das pesquisas: arquivo pessoal / google

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Djavan, Asa



Bem, só vou fazer um comentário sobre esta página
que dedico à Carmello Café, um  sábio e irreverente novo
amigo virtual, em viagem de férias por esse mundão
de Deus à fora: excelente!

"Sutilmente", ele sugeriu essa postagem e seu bom gosto
falou alto. É suficiente ouvir e ver Djavan cantando
Asa, no programa "Sunday Night" de David Sanborn,
com Marcus Miller no baixo, Omar Hakin na bateria,
Hiram Bullock na guitarra, Phillipe Saisse no teclado
e Don Alias na percussão. Um show de Djavan e dos
músicos que compartilham o palco com ele. 

Valeu, Carmello. Essa é para você e para os apreciadores
da incrível diversidade da Música Popular Brasileira.

carlos miranda (betomelodia) 


( vídeo em 360p )



A manhã me socorreu com flores e aves
Suaves soltas em asa azul borboletas em bando

Diz que pedra não fala que dirá se falasse
Eu ama me ama m queima na sua cama
O veludo da fala disse beijo que é doce
Me prende me iguala me rende com sua bala

De disfarce de Zeus de Juruna na deusa azul
Se me comover eu já sei que é tu

Claridade de um novo dia não havia sem você
Você passou e eu me esqueci o que ia dizer

O que há pra falar onde leva essa ladeira
Que tristes terras vencerá um intérprete tocando blues


djavan





fontes
imagem e vídeo: arquivo pessoal - texto: carlos miranda (betomelodia)
base das pesquisas: arquivo pessoal  / google