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terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Meus Escritos - Primeiro Amigo




" Quem tem um amigo, mesmo que um só, não importa onde se encontre,
jamais sofrerá de solidão. Poderá morrer de saudades,
mas não estará só." (amyr klink)



Como sempre, rolava a laranja para seu amigo, no piso da pequena varanda.
Ele a rolava de volta, sorrindo. Assim passavam as tardes na
brincadeira inocente, a rir e conversar.





O apartamento. Ele lembra. Morava com seus avós maternos no bairro da Tijuca, zona norte
da cidade do Rio de Janeiro. Não lembra a rua mas sabe que o apartamento era térreo
e próximo à praça Saenz Peña. Pequeno, franzino e feliz. Protegido e querido por todos, tinha o 
que de melhor um menino de seis anos poderia ter: um amigo, que brincava, que contava
coisas estranhas de um distante outro lugar, coisas que um dia os dois fariam.

As brincadeiras. Por vezes, além de rolarem as laranjas um para o outro, rolavam também
desentendimentos: muita força, má pontaria, a falta de vontade de brincar ou devolver a
laranja, eram em sua maioria o motivo para brigas e choros que os avós, carinhosamente
chamados de Pai Velho e Mãe Velha, com ternura acalmavam seu choro dizendo:
" não precisa mais chorar, ele já foi embora
Mas sabia que não era verdade pois eles fingiam não ver seu amigo em um canto, rindo de
seu choro. Porque eles mentiam? Ele ria alto até fazendo caretas. Mas eles fingiam não ver.

O fim da amizade. Brincando os dois na varanda, certo dia ele viu seus pais, avós e outras
pessoas que ele não conhecia, olhando para os dois com expressões estranhas. Ele achou
normal porque eles eram rápidos e precisos na brincadeira. Isso os deixava espantados,
porque ele só tinha seis anos, só podia ser isso.  Mas sua mãe correu até ele pegou-o no
colo tirando de suas mãos a laranja, jogando-a longe sem ao menos olhar para seu
amigo que encolhido em seu canto ficou quieto, triste e sozinho. Em seguida ela saiu correndo
da varanda, chorava alto, com ele nos braços. Sem entender o que tinha acontecido,
o que tinha feito de errado, ele também chorou muito. 

Depois. Não mais o deixaram ir à varanda. Não mais viu seu amigo. Ficou só. E logo seus
pais mudaram do apartamento de seus avós. Bem mais tarde, quando ele perguntava
à eles sobre o que havia acontecido na varanda, as respostas eram: "não lembro, filho".
Certo Dia, Mãe Velha revelou o misterioso segredo: naquela tarde, intrigados por seu riso
alto e mais alegre que o costume, foram até a varanda ver o que estava acontecendo.
E viram. A laranja que ele rolava em direção à parede oposta, onde estava seu amigo,
antes de bater na parede parava bruscamente, como se fosse segura por mãos invisíveis.
Viam que a laranja após um pequeno impulso , rolava rapidamente de volta
para ele! Só não conseguiam ver Jorginho, seu primeiro amigo. 

carlos miranda (betomelodia) 



fontes
imagens: arquivo pessoal - texto: carlos miranda (betomelodia)
base das pesquisas: arquivo pessoal / meus escritos

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